No ano de 1979 em uma terça de carnaval meu pai estava pregando no Acampamento Jovens da Verdade e minha mãe estava sendo levada para um hospital de São Bernado dos Campos para eu nascer, pois a bolsa dela já tinha estourado.

Desde então nunca mais saí do Jovens da Verdade e minha vida sempre ficou misturada com esta vida de acampamento.

Já se passaram alguns anos do meu nascimento, mas ao conversar com um companheiro de ministério fizemos as contas e percebi que nos últimos 5 anos participei de mais de 100 acampamentos, parece que Deus já tava me avisando no meu nascimento que eu não iria sair mais desta vida.

Nestes anos percebi que existem coisas que andam junto com acampamento, como: pastas de dente em quem dorme primeiro, jogar alguém na água no último dia e uma boa serenata no último dia para as meninas. O Jantar de Gala e a serenata não podiam faltar nos acampamentos que participei quando adolescente. Ainda tenho claramente na memória as serenatas inesquecíveis da década de 90 que fazíamos no JV.

Nas serenatas que participei sempre começávamos a escrever os bilhetinhos e ensaiar as musicas umas 3 horas antes de sair do quarto, e me lembro que nessa hora sempre tinha um grande impasse entre os acampantes e monitores. Que tipo de musicas iríamos cantar?

Nós os acampantes queríamos cantar musicas românticas, pois na maioria das vezes estávamos querendo conquistar alguma gatinha que conhecemos no acampamento. Porque a final das contas, serenata é para isso, não é?

Mas os monitores falavam que não podíamos cantar Tim Maia, Roupa Nova, Barão Vermelho pois eram musicas do mundo e continham um conteúdo erotizado nas letras, onde podia levar os que cantam ou quem estavam ouvindo ao pensamento mais impuro (sexual).

Quero lembrar que há 12 anos atrás as letras das musicas eram bem mais comportadas que as que temos hoje.

Até hoje me lembro de uma serenata que fiz aos 13 anos que nos obrigaram a cantar musicas que não eram do “mundo”, musicas de louvor. Me senti, naquela madrugada, como se tivesse em um culto da fogueira, mas é claro sem a fogueira.

Mais o que me deixa mais intrigado, é que freqüentando os acampamentos hoje, não vejo mais esse tipo de embate entre acampantes e monitores. Esse tipo de discussão ficou no passado.

Mas não ficou no passado porque os acampantes aceitaram a idéia que a musica romântica do “mundo” não era para ser cantada nas serenatas dos nossos acampamentos e nem tão pouco por achar que os líderes estão mais de mente aberta quanto aos compositores não cristãos.

Deve ter ficado no passado porque hoje o adolescente pode chegar na janela do dormitório feminino, dedilhar o violão e cantar que o maior desejo é te abraçar, te beijar, se envolver nos teus braços, até sentar no seu colo, sem si quer o monitor poder recrimina-lo pois ele esta cumprindo com a velha regra, ele esta cantando músicas da igreja.

Eu já não vejo mais a diferença das musicas que eu queria cantar para as meninas que estava paquerando com algumas musicas que cantamos em nossos cultos hoje.

Para mim que trabalho com acampamentos, um grande dilema e responsabilidade foi tirado das minhas costas, pois não preciso mais ficar tão preocupado com que tipo de música os adolescentes vão cantar nas serenatas do último dia! Esta discussão ficou no passado, graças a Deus, ou não!

Marcos Botelho

(Escrito em 5/6/07 para BibliaWorld)

One Comment

  • É, sempre cantávamos: “nos galhos secos de uma árvore qualquer” e nenhuma gatinha olhava pra mim! HAHAHAHA, bom, talvez olhasse porque eu sou um graveto haha.

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