Na história de missões do Brasil, lemos que os missionários que vieram dedicar sua vida aqui, mesmo muito bem intencionados, na maioria das vezes não distinguiram o evangelho de sua cultura.

Trouxeram a mensagem mais relevante do universo junto com valores culturais sem nenhuma relevância para nós brasileiros. Não conseguiram diferenciar (nem sei se era possível para aquela época) a MENSAGEM dos usos e costumes como ternos, hinos, arquitetura de igreja, liturgia, e até a língua. Lembrando que muitos cultos católicos eram realizados em Latim, pois era a língua ideal para louvar a Deus.

Nas últimas décadas, a antropologia e a sociologia, juntamente com os nossos missiólogos desenvolveram um pensamento mais aprimorado, separando o que em missões era a mensagem do evangelho e o que era a cultura.

Hoje se um jovem que recebeu o chamado bem específico de Deus para ir para um país como, por exemplo, o Afeganistão, pedir um conselho para você sobre o que ele deve fazer antes de ir, você logo responderá:

Cara não é tão simples assim. Você deve estudar a língua deles para passar a mensagem na língua materna deles, você tem que se vestir como eles, comer o que eles comem, frequentar os lugares que eles frequentam, se associe a uma agência missionária que já trabalha lá, faça um curso básico de teologia, ore muito a respeito e comece a levantar sustento desde já!

O jovem talvez se assustasse com o seu conselho, mas para mim e para você é meio óbvio que esse caminho tem de ser feito para não cometermos os mesmos erros cometidos por missionários bem intencionados do passado, mas que deixaram marcas que até hoje são rachaduras culturais que impedem um povo de entender a essência da mensagem.

Esta separação entre a mensagem e a cultura é chamada de missões transculturais, uma missão que transcende a cultura do missionário e do povo a ser alcançado.

Este conceito já esta firmado em nossas mentes, mas com a mudança cada vez mais rápida de gerações, das cidades, do modo de viver e usos e costumes dentro de um mesmo país. Vemos, não mais uma cultura predominante, e sim várias culturas ao mesmo tempo em cada geração.

Hoje já podemos cunhar o conceito de Missão TRANSGERACIONAL, uma missão que consegue separa a mensagem da cultura de uma geração mais velha, como os Baby Boomers com a geração Y.

Será que se algum conhecido seu falasse para você que iria trabalhar com jovens, dedicar seu tempo para passar uma mensagem para esta nova geração, seja na igreja ou mesmo em uma empresa, você daria as mesmas dicas que deu para o moço que ia fazer missões em outra cultura?

Cara não é tão simples assim. Você deve estudar a língua dos jovens para passar a mensagem, aprender as gírias que eles estão acostumados a falar, você tem que se vestir como eles, comer o que eles comem, frequentar o lugares que eles frequentam, se associar a uma agência missionária que já trabalha com jovens, faça um curso básico de teologia, ore muito a respeito e comece a levantar sustento desde já!

Por que seria diferente a nossa resposta? Será que chegamos ao ponto de valorizarmos mais a cultura de outros países ao invés da cultura de nossos filhos? A cultura dos jovens e adolescentes não tem valor?

Se não quisermos fracassar na tarefa de transmitir a palavra de Deus de uma geração para outra, de pais para filhos, temos que quebrar o conceito de que no passado o modo como vivíamos era o correto e o que eles vivem está totalmente errado. Muitas vezes é apenas diferente, mas colocamos como se fosse errado.

Precisamos aprender a separar a MENSAGEM da nossa geração, para que a próxima geração entenda e viva o evangelho no presente, no século XXI, e em sua cultura.

Precisamos de uma consciência urgente de uma missão transgeracional.

2 Comments

  • As colocações são muito pertinentes. Acho que a igreja ainda falha quando o assunto é cultura urbana. Não estamos conseguindo alcançar principalmente os jovens das culturas ou tribos urbanas, pois cometemos o mesmo erro dos primeiros missionários. Acho que um dos desafios da igreja contemporânea é aprender a respeitar a cultura do indivíduo, sem discriminar alguns costumes diferentes dizendo que se trata de pecado. Cultura e costumes devem ser avaliados através da palavra de Deus, e não “pesadas” por convicções próprias.

  • Tembém concordo com o que foi falado , pois , a igreja precisa reaprender a unir as gerações de modo a não ferir o teor das escrituras. Por exemplo , um banco do século XXI todo informatizado e tudo mais , é totalmente diferente dos bancos do passado , tudo no papel e máquina de escrever , porém seus princípios e valores não mudaram , todavia a forma com que se alcança os objetivos mudaram .
    Deus nos abençoe , nos dê sabedoria e visão para alcançarmos os objetivos para o qual a igreja foi chamada , que é trazer graça e não voltar a lei .

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *