Se você leu o título, provavelmente você deve estar se perguntando: O que é default?
É um palavra gringa muito usada por quem mexe em programa de computador. É um padrão pré-programado fora da intervenção do usuário, refere-se a uma configuração ou valor automaticamente atribuído.
Quando você aperta o start no seu computador o default vai fazer o seu Windows ou IOS abrir todos os programas e deixar você na tela principal para mexer no computador.
Se você não quer que o programa faça o seu default, você tem que intencionalmente apertar o escape e programar passo a passo o que você realmente quer fazer.
Trazendo esse conceito para a igreja, quando nossa tradição perde o sentido, mas continuamos repetindo toda semana a mesma coisa, muito provavelmente é porque ela entrou no default.
Aqui na minha igreja, desde que começamos o trabalho com adolescentes, separávamos um tempo para a oração com os pedidos e agradecimentos. Alguém ia lá na frente e perguntava: Quais são os agradecimentos da semana?
E assim a galera ia falando de seus agradecimentos e pedidos e alguém no final orava por cada um deles.
Ao longo desses últimos anos, passamos de um grupo de 20 adolescentes para um grupo de 100 e logo percebemos que a liturgia que estávamos fazendo para conduzir os adolescentes à oração não estava mais gerando o resultado que queríamos.
Como havia muitos adolescentes na reunião, a grande maioria não falava os seus pedidos e agradecimentos, apenas uns gatos pingados faziam e geralmente os mesmos. E por fim acabávamos fazendo uma oração geralzona porque o orador não se lembrava de todos que falaram.
Logo sentei com os responsáveis pela liturgia e conversamos sobre esse problema. Todos nós concordamos que precisava mudar e, logo levantamos vários jeitos de fazer esse momento de oração ser mais eficiente, pedagógico e atrativo.
Começamos bem com várias ideias boas e novas, varal de oração, bilhetes, pequenos grupos, sala de oração, oração individual, oração em dupla, etc.
Mas o problema que enfrentamos, e que a maioria das igrejas enfrentam, é que não tem como uma igreja ou liturgia viver de novidades. Uma hora as novidades acabam, ou não conseguimos preparar nada novo, ou o responsável faltou e ai invariavelmente caímos no default litúrgico.
Quando vi, estávamos fazendo exatamente igual a antes. Mesmo tendo identificado o problema, falado com a liderança e pensado em varia soluções, inevitavelmente voltávamos ao que fazíamos anos atrás.
Aprendi que se queremos uma liturgia bíblica, mas que também faça sentido para quem participa, pedagógica e agradável, temos que mudar o default litúrgico e não ficar correndo atrás de novidades.
Temos que repensar a liturgia, escrever uma que seja coerente com o que cremos da bíblia e eficiente nos propósitos da igreja, para então reunirmos todos os líderes e responsáveis pelo culto e transformá-la no default daquele grupo.
Você deve fazer essa pergunta para a sua equipe: Quando não tivermos conversado nada durante a semana, não tivermos pensado em nada novo e criativo, como vai acontecer o culto aqui na igreja?
Esta resposta tem que ser a liturgia que vocês já pensaram como grupo e investiram como a liturgia default, e não a que tradicionalmente a sua igreja fazia quando ela era totalmente diferente do que é agora.
Para termos uma liturgia 2.0 não podemos ficar correndo atrás de coisas novas, temos que mudá-la pela raiz, mudar o default dos nossos ministérios, o default de nossas igrejas.
Boa reflexão… Papai sempre disse que “o que não pode ser feito em uma casa, não pode ser feito em lugar algum”. Aplicações a parte, acho que é uma boa sugestão de default. Para uma liturgia 2.0, nosso default litúrgico deve ser o mais pessoal possível. De indivíduo para indivíduo e não de um “pregador” para a “plateia”. Talvez ainda seja difícil pensar em um default desse tipo com a estrutura litúrgica atual, mas acho que para construir um default novo, vamos ter que desconstruir o velho.
Muito bem colocado Abner.
Tamo junto, mano! 😉
Muito bom!! Pois nas igrejas sempre caímos nessa questão. Por mais que procuremos novidades para um grupo, principalmente a juventude, com o tempo aquilo deixará de funcionar.
Temos então que repensar o default! =D
Temos que também nos atentar até numa possível alteração do nome… Ex.: Ouve uma época que não era mais “Culto Jovem” e sim “Rede de Jovens”…
Um nome que proporciona a curiosidade, tanto para os “de casa” para os “de fora”… Não necessariamente o nome “Rede”, mas algo que venha ter mais sentido com a reunião em questão… “Social Cristão Jovem”, “Fórum Jovem em Questão”, algo assim…
Um nome diferente sugere um default que seja também! ^o^P
O grande problema quando pensamos em liturgia é que a pensamos como algo privativo do pastor, não estou falando que devamos nos rebelar contra tudo e todos, mas sim, que é preciso avaliar as nossas práticas litúrgicas à luz da expressão popular.
Liturgia é serviço, é apresentação a Deus, tanto individual como coletiva, dai importa observarmos qual o nível da participação do povo na liturgia empregada, que pode estar engessada justamente pela incoerência dos achismos humanos.
Portanto o mais importante para esse momento é de fato a discussão acerca do que realmente é liturgia à luz da Bíblia, torço para que os homens derrubem as barreiras criadas e façam uma liturgia que de fato adore a Deus em Espírito e em Verdade.
Parabéns Rev. Marquinhos (te conheci pequeno), o papel da igreja reformada como dizia Calvino é sempre se reformar, isso é dinâmica. Deus te abençoe e guarde no seu ministério!
Isso sempre acontece muito mesmo.
Buscamos novidades, coisas criativas e diferentes para mudar um pouco as coisas, mas sempre voltamos para a mesma liturgia…
Entendo como é importante mudar o “default”, mas ao mesmo tempo acho muito díficil. A princípio pode parecer estar dando certo, mas como garantir que não vai passar, como todas as outras novidades?
Uma última coisa: como vocês resolveram a questão do momento de oração? Fiquei super curiosa!
Não coloquei por querer, para não acharem que nossa experiencia pessoal é padrão para os outros. Convido vc para vir ver! 😉
Pior que fiquei na curiosidade também.. ¬¬.. hahaha
… eu gostaria de deixar aqui minhas ideias .. mais minha cabeça ficou tão atordoada com esse texto, que eu não sei se eu vou conseguir …
Quando eu penso na liturgia da igreja, eu logo penso em algo que dificilmente vai ser mudado a curto prazo.
A Igreja esta habituada a um formato de culto, os membros mais velhos da igreja sempre falam com saudade da sua época de mocidade, e de como os jovens eram nas igrejas, de como era o louvor, a palavra.
Quando é proposto um “Culto Jovem” ,eles, os mais velhos na fé, desejam que os cultos sejam como era antigamente.
É uma “briga” de gerações … ambas disputando um espaço comum.
Eu sou lider de adolescentes, e tem sido dificil modernizar os cultos … mais sem perder a essencia.
E confesso que por muitas vezes a reunião dos adolescentes perdeu o proposito .. por eles mesmos não saberem lidar com um CULTO jovem.
É muito dificil equilibrar .. espiritualidade, modernidade e tradição.
Será que é possivel modernizar a tradição?
ou como disse o Abner .. tem que desconstruir pra construir?
Oi Marcos, gostei muito da sua reflexão. Estou terminando meu seminário e gostaria de escrever minha monografia sobre Como a Igreja pode ser relevante para os jovens neste tempo pósmoderno. Você poderia me indicar algumas referencias bibliográficas sobre o assunto?