Não sou cientista político, mas tenho algumas opiniões sobre a candidatura da Marina Silva.
Quem me acompanha aqui, sabe que participei da construção (de forma pequena) do partido REDE, ouvi e opinei, com minhas limitações, na proposta de governo, sofri com o não reconhecimento da REDE como partido, me recolhi no começo da parceria REDE e PSB.
Como todos da REDE, no princípio, queríamos que a Marina fosse a candidata e o Eduardo fosse o vice, mas ouvindo a própria Marina na reunião da REDE São Paulo (foto acima), indo para Pernambuco e conversando com alguns eleitores sobre o governo do Eduardo e, minha esposa tendo participado de debates com todos os presidenciáveis, chegamos a conclusão de que Eduardo Campos era nossa opção para outubro, sem sombra de dúvidas. E ainda com uma vantagem sobre a Marina: mostrou estar preparado com a gestão do executivo.
Com a tragédia da semana passada e a mudança inesperada de planos, a Marina Silva voltou a ser nossa candidata, com um adendo importante na minha opinião.
Para fazer a aliança com o PSB e fechar um plano de governo em comum com Eduardo Campos, ela teve que abrir mão de algumas CONVICÇÕES, mantendo seus PINCÍPIOS, que são típicos, quando se fala no caráter de Marina.
Na política temos que fazer alianças e parcerias, e as vezes abrir mão de algumas convicções. Sabemos que para fazer o certo existem alguns caminhos que são diferentes, ou seja, não necessariamente um está certo e outro errado. Porém, isso já não acontece quando se fala em princípios, ou é certo ou é errado. Nós confundimos muito CONVICÇÕES de caminhos com convicções de PRINCÍPIOS, por estarem bem ligados. Mas não são a mesma coisa.
Acredito que Marina deve continuar com o plano de governo feito pelos dois, pois nesse plano ela teve que engolir algumas opiniões que ela sozinha na REDE não teria aceitado, mas que são fundamentais para governar um país, como por exemplo, a aliança com uma parte mais flexível dos “ruralistas”.
Meu voto é seu, Marina. Não queremos mais o revezamento PT e PSDB no Brasil! Mantenha o plano de governo que você e o Eduardo Campo fizeram, mantenha seus princípios que aprendeu na Igreja Católica e na Assembleia de Deus, mantenha sua fé de uma nova política com diálogo e sem troca de cargos. Assim você será a nossa presidenta e se o Senado ou a Câmara dos Deputados quiser travar você no executivo a gente trava o Brasil, igual fizemos o ano passado!
A REDE não é partido. Dito isso, sua simbiose com o PSB foi uma forma de sobreviver. O correto, o moralmente correto não seria jungir-se a partido algum, mas esperar por sua vez. Nesse período em que ‘simbiosiou’ com o PSB — que, a bem da verdade, aceitou esse jogo político espúrio de olho nos votos da REDE — Marina deu pitacos, cortou acordou, estabeleceu limites, impôs restrições. O partido concordou, de olho nos votos de Marina. Hoje sabe-se que foi um erro político enorme. Se perder a eleição, o PSB deixa de existir como partido. Um bando de tolos.
As vezes pergunto-me qual a razão de uma candidata com 20 milhões de votos não conseguir meio milhão de assinaturas. Duas razões, a meu juízo: sua excentricidade em exigir uma espécie de ‘tomografia’ do filiado ou para quem desejasse participar. Segundo, o descuido com respeito ao tempo eleitoral. A acusação de que sabotaram-na lança dúvidas sobre ela, e não o sistema político, a pecha de, perdeu, culpe os outros! Então fico com as duas explicações e rejeito a da REDE e de Marina.
Se entendi sua leitura Marcos, sua primeira opção seria Eduardo Campos, mais preparado por ser um gestor. Tendo Eduardo entrado para o mundo dos mortos que no Brasil mortos-míticos nunca morrem, sua opção ficou para Marina. Até aí faz sentido. Afinal, você é da REDE. Segue sua explicação, a outra, agora com um jeitão politico:
“Para fazer a aliança com o PSB e fechar um plano de governo em comum com Eduardo Campos, ela teve que abrir mão de algumas CONVICÇÕES, mantendo seus PINCÍPIOS [sic] , que são típicos, quando se fala no caráter de Marina.”
Qual a diferença entre convicção e princípio. CONVICÇÃO— se você estiver usando o Houaiss, “crença ou opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas, ou como resultado da influência ou persuasão de outrem; convencimento” — não é diferente de PRINCÍPIOS, que está para preceitos, regras ou leis.
Farejo o uso de ‘convicções’ no seu linguajar como ‘acordos políticos’? Algo como, ceder os anéis para não perder os dedos? O problema a meu sentir é que a ‘simbiose’ com o PSB — continuo achando que o PSB caiu no maior conto do vigário — não permite a Marina fazer exigência alguma. Aliás, para ser mais preciso, nenhuma. Mas ela faz! E vai fazer mais. Afinal, o PSB sabe que o arcabouço partidário, ‘a seiva eleitoral’ veio dele, mas os votos são de Marina.
Eduardo Campos já era e em SP Marina não aceita o candidato do PSB; no Paraná Beto Richa lhe é anátema; em SC ela não quer nem de perto o Paulo Bornhausen; no RS ela não quer saber de Ana Amélia porque ser uma mulher do agronegócio; no MS o Senador Pedro Taques já disse que desfará o acordo feito com Eduardo Campos; em GO ela não quer nem ver falar em Ronaldo Caiado.
Mesmo diante de tudo isso ela pode ganhar a eleição? Pode sim. Tem boas chances de ganhar. Pode mas terá a maior dificuldade em governar. Marina não é política. Será o governo do atraso, se você quer saber. Vou lhe dar um exemplo só. Quando Lula, uma espécie de Marina de ‘chão de fábrica’, estava prestes a ser eleito, soltaram aquela famosa carta à nação brasileira. Aliviaram a banca e a indústria. Foi eleito o homem que xingou a banca e aquele que mais deu dinheiro aos banqueiros. Mas governou, e governou em cima das reformas que FHC fez. Nunca me enganei com o Lula. Mas ele pelo menos pegou as reformas do FHC e as manteve. E Marina?
Na política impera o acordo e o conchavo. Ela vai fazer ‘conchavo? Ela fez no Acre com Tião Viana, ou você é verde clorofila para não saber dos fatos? Negociar, ter o chamado ‘jogo de cintura’, isso Marina não tem.
Quando Lula deu cartão vermelho para ela no Ministério do Meio Ambiente, ela disse claramente que cederia os anéis, mas não os dedos. É isso que você chama de abrir mão de ‘convicções’ e manter ‘princípios’?Ela perdeu feio e ganhou o agronegócio que é o que sustenta esse país. Ou você vai negar isso? Diga-me Botelho, Marina é gestora?
Dei-lhe alguns exemplos acima que indicam que Marina não deve continuar com o plano de governo feito por Eduardo e abonado a contragosto por ela. O Beto entra como vice para tentar salvar a pátria. O Beto Albuquerque não representa o que você chama de ‘ruralistas’ da área de plantio de eucalipto (Klabin)? Você acha que os dois vão andar de mãos dadas? Acho melhor você se informar. A propósito, Beto Está há 28 anos no partido, o único em sua vida política, Marina está no terceiro e fundada a REDE vai para o quarto. Isso é que são princípios, se não se faz como ela quer, dane-se o tripé sobre o qual se estriba.
Pois nesse plano que ela e o Eduardo fizeram (ele fez!) “ela teve que engolir algumas opiniões que ela sozinha na REDE não teria aceitado”, até a hora que lhe for conveniente politicamente. Quando chegar a hora, agora entendo você, vão-se as CONVICÇÕES para o brejo, entram os PRINCÍPIOS, ou como diz o Lobão magistralmente, o Brasil viraria uma “clorofilocracia” teocrática.
Aliança com os ‘ruralistas’? Bem, se entre aspas a palavra soa como desdém para você, tente colocar arroz e feijão no prato sem eles!
A mosca azul da REDE te mordeu. Lamento! Mas nossas são as escolhas, os resultados, bons ou ruins, Marina vai ter que dividir com a patuleia.
“Assim você será a nossa presidenta e se o Senado ou a Câmara dos Deputados quiser travar você no executivo a gente trava o Brasil, igual fizemos o ano passado!”
Inaugura-se o black bloc evangélico sem pedras nas mãos, é? Bela liderança a sua!
como estão as pequisas?
A política brasileira na atual conjuntura é semelhante a uma teia de aranha ( quem sabe a Rede seria mais aceitável, ou mais entendida pelos capitalistas selvagens se fosse Teia) Os partidos compõem essa teia ( Rede) em sua interligação.
O inseto que alimenta a aranha para que se tenha mais teias, ou que se mantenha a teia fortalecida, está na outra extremidade. É claro que a aranha dependerá de toda a teia para chegar ao inseto, entretanto ela tem autonomia de fazer o caminho que quiser. Normalmente opta pelo mais curto e menos arriscado.
Isso é uma regra na governabilidade do Brasil e, neste sentido, volto a dizer que não há ingovernabilidade.
Ela tem o povo; tem a questão da pureza política por não ter se comprometido.
Os temores que existem sobre seu eventual governo são os mesmo que se tinha sobre o PT, sendo que Marina apresenta muito menos ameaça.
Não faço apologia ao PT, mas pergunto aos senhores quais males que o PT provocou ao Brasil ( menos a corrupção) , segundo os temores que se tinha, antes de Lula reinar?
Se o PT corre algum risco hoje, não é por que o Brasil está prestes a virar um comunista ou socialista ou qualquer outra ideologia, fora do que é, a saber, uma xepa do capitalismo europeu e americano que só serve de contexto para os capitalista selvagens que geraram seus filhotes que agora já estão velhos , mas ainda na ativa, neste nosso contexto.
Marina tá vindo, e tem meu voto de convicção e princípio