Vou explicar em breve o porquê desse título. Antes, preciso contar como esse monstro foi criado.
Desde de que fui ao seminário, em 1999, aprendi que teologia de nada vale se não aterrizar no nosso coração e na sociedade em que vivemos. Com isso, comecei a me interessar mais por política e sociologia.
Sei que hoje todo mundo tem uma opinião sobre política, mas nem sempre foi assim. Naquela época, pouca gente falava a respeito do tema, muito menos pastores e missionários.
Sempre escrevi sobre o evangelho sem dissociá-lo da sociedade em que vivemos, da política partidária e apartidária. Por isso, para mim, depois de estar uns anos ligado aos fatos políticos do Brasil, tais acontecimentos se tornaram, além de relevantes, “parte” do meu trabalho e vocação.
Mas muita coisa mudou nos últimos 5 anos: as redes sociais popularizaram as opiniões e as notícias; as eleições de 2014 deram um boom na polarização e no debate direita-esquerda; e – principalmente – a Lava Jato trouxe à tona toda a podridão da política causada por uma alienação do povo de anos (da igreja e da teologia, também).
Hoje todos têm opinião política, mesmo muitas sendo rasas e sem base. No todo, esse movimento foi bom. Lembro das palavras do Dr. Mário Sérgio Cortella, que fala que antes todos sabiam a escalação da seleção brasileira e quase nada dos 3 poderes, e que, hoje, quando se pergunta o nome de 5 ministros do STF, todo mundo sabe.
Mas por que esse título se gastei boa parte do texto defendendo a importância de ler, estudar e falar de política?
Nesses últimos anos vivemos o excesso de informação (escrevi um livro sobre isso), e com o noticiário de política e corrupção não foi diferente. Elas tomaram conta de jornais, revistas e internet. E como a diferença entre um remédio e um veneno é a dosagem, para mim, política e Lava Jato foram o puro veneno do ano que passou.
Gastei muito tempo no meu carro ouvindo o noticiário. Fiquei várias noites pulando de jornal em jornal para ouvir as novidades. Investi muito tempo de internet lendo notícias de política e Lava Jato.
Como um começo de ano acaba virando um tempo de repensar a vida, decidi que quero voltar a ouvir pregações e músicas no carro. Quero ver mais filmes e séries nas minhas noites. Voltar a ler livros, investir mais tempo conversando com amigos na internet e ficar menos no celular.
Não estou propondo nem para mim e nem para quem se identifica com meu texto uma vida alienada da política e Lava Jato: apenas estou reconhecendo que essa área ocupou no ano passado muito mais espaço e tempo que deveria, e que deixei de lado outras tantas que fizeram falta para mim.
Escrevo esse texto como um alerta, pois esse ano é ano de eleição e isso pode piorar. Que usemos a política com consciência e moderação!