Estamos saindo de uma das paralisações mais importantes dos últimos tempos. O Brasil todo parou e sofreu muito com isso. Mesmo assim, a grande maioria da população ficou do lado dos caminhoneiros.
Esse apoio pode ter vários motivos: cansaço da corrupção, da incompetência do governo, da crise do país, do sofrimento dessa categoria…
Quero destacar aqui o motivo que eu acho que fez dessa greve algo único: Ela foi politizada e não politiqueira.
Depois que esse atual governo mudou a política de preços dos combustíveis, os caminhoneiros foram os mais afetados, pois não tinham segurança nenhuma para estipularem seus fretes e acabavam pagando para trabalhar.
Como, para funcionar, nosso país está preso às estradas, foi só a categoria se organizar e parar de trabalhar que nada chegava aonde devia!
Até aí, já vimos paralisações similares. A diferença é que, nesse caso, não estávamos vendo bandeiras de partidos ou de movimentos sociais já manchados por terem se vendido a governos ou a políticos. Nem mesmo os sindicatos respondiam pelos grevistas. Isso o sistema corrupto ainda não tinha visto.
Os governantes ficaram perdidinhos, pois não conseguiram repetir o velho formato de fazer acordos espúrios com líderes que já ‘mamavam’ neles – aqueles acordos que beneficiam as lideranças por debaixo dos panos e deixam apenas migalhas para a categoria.
Nem todas as greves que têm esses elementos são politiqueiras; a ausência deles é algo diferente. É uma ‘desorganização institucional’ da qual estávamos precisando.
Toda a greve é politizada: é uma forma democrática de pressionar um governo para conseguir direitos e o que consideram justo. E essa paralisação fez essa política MUITO bem. O fato de os caminhoneiros não deixarem que ela se tornasse politiqueira, ainda mais em ano eleitoral, conquistou o coração da nação.
Fica o grande aprendizado de que podemos parar esse país a hora que quisermos. Podemos pressioná-los até eles cederem. Podemos não aceitar as migalhas das primeiras ofertas. Podemos exigir o corte de impostos atrelado ao corte de gastos com regalias dos três poderes. E, principalmente, podemos fazer política sem sermos politiqueiros oportunistas e polarizados.