Alguns neófitos na fé as vezes veem um post por aqui apontando erros de parte da igreja institucional, ou uma denúncia de uma ala teológica dos pastores, e logo bradam: “Que absurdo, você deveria estar orando por isso, deveria estar focando apenas na mensagem do evangelho quando posta e não nos erros dos seus parceiros”.

Hoje percebo que esse tipo de fala está escondendo, além de muitos erros teológicos, um dos maiores males da igreja brasileira: o corporativismo.

Nesse pensamento está implícito a atitude de escolher candidatos e projetos políticos baseado em o que eles podem fazer pela minha igreja. Se ele vai facilitar a isenção de IPTU, ou se vão dar algo para a minha denominação quando chegar no poder.

Nesse pensamento está implícito a atitude de que orar é fechar os olhos para a realidade, é um salvo conduto para fazer o que quiser que não vamos usar o cérebro e tão pouco a voz profética.

Nesse pensamento está implícito a atitude de procurar trechos da Bíblia para apoiar a própria ideia, dar um Google e depois postar para todos que discordam, mesmo que o contexto em que está sendo usado agride a intenção do autor e nunca tenha sido o sentido que o público original tenha entendido aquele texto.

Nesse pensamento está implícito a atitude de que se meu líder denominacional estiver equivocado nesse ponto, vou ter que usar o discernimento e a razão toda vez que eu escuta-lo, e isso eu não quero. Estou muito bem em colocá-lo em um altar, ouvi-lo acriticamente e apenas encontrar em suas falas alento para minha alma.

Nesse pensamento está implícito a atitude maniqueísta de que o meu lado das ideias é totalmente santo e que o outro é o inferno encarnado, que meu lado só tem gente que optou pela luz, em uma decisão moral ilibada, e que o outro recusou o perdão de Deus e optou pelas trevas e quer nos derrubar.

Nesse pensamento está implícito a atitude dos religiosos de Jerusalém, que Jesus condenou:

“Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram! Eis que a casa de vocês ficará deserta. Eu lhes digo que vocês não me verão mais até que digam: ‘Bendito o que vem em nome do Senhor’”. Lucas 13:34,35

Marcos Botelho

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *