Era o último dia do mundo, um fim de tarde, por volta das 19 horas Brasília.

Bento estava na igreja, na reunião de oração que costumava ir quase toda quarta-feira, exceto os dias em que a TV aberta transmitia o jogo do time para o qual torcia.

Um grande estrondo tomou conta de toda a terra, era a volta de Jesus Cristo. Muitas coisas aconteceram, mas gostaria de contar sobre a última notícia de graça do Senhor.

O teto daquela pequena igreja foi se abrindo, assim como todos os tetos das casas da pequena cidade de Juiutim.

Todos podiam ver Jesus descendo lentamente, de braços abertos, tipo o Cristo Redentor do Rio de Janeiro.

Bento nunca tinha ido para o Rio, mas reconheceu a imagem que tinha visto na TV.

Muitos da cidade começaram a gritar em desespero frente à incerteza do que ia acontecer, mas Bento continuava na mesma, sentado no banco de madeira olhando para cima e pensando: Que benção Jesus vir bem no dia que a TV não está transmitindo o jogo do meu time, estar na igreja é o melhor lugar para Ele me ver.

Foi quando tudo parou, principalmente aquele barulho intenso, Jesus declara em alta voz: Não precisa mais ter choro, nem dor, tão pouco desespero. Eu venci a morte e vou salvar a todos! Todos!!!

De repente o choro que vinha do bar cessou, e alguns gritos de alegria e celebração começaram a surgir. E aos poucos os gritos de júbilo começaram a se espalhar, entre os bêbados do bar, passando por alguns bóias frias que estavam voltando do trabalho, chegando até em algumas meretrizes que já estavam chegando em seu ponto para o turno da noite.

Em alguns minutos a celebração já atingia a todos da pequena cidade de Juiutim, menos em um lugar e principalmente uma pessoa: Bento lá na igreja.

Foi quando ele gritou: Como assim Senhor? Vai mudar as suas próprias regras na ultima hora?

Jesus se aproxima e desce até o banco da frente para conversar com Bento.

– Por que está tão bravo? Perguntou Jesus.

– Não é que to bravo, mas não é justo! Não é certo o Senhor mudar tudo agora.

Jesus com amor pergunta:

– Você não deveria estar celebrando com os outros? Afinal de contas eu te levarei comigo para morar no céu, Bento.

– Mas eu estou feliz. É que faz muitos anos que eu vivo para ti e eles não, deixei a bebida, a vida promíscua e venho a tua casa constantemente esperando ansioso por este dia. Eles nunca deram ouvidos para o que dizíamos sobre o Senhor.

Jesus faz um olhar de curioso e pergunta:

– Você fala como se tivesse sido ruim ter saído do pecado. A vida cristã que você viveu já não é um prêmio? Eu ter te libertado disso já não foi suficiente? Ou foi um peso para você?

E Jesus continuou, já meio bravo:

– E mais Bento, você já não esta ganhando a vida eterna, não posso ser gracioso com quem eu quiser? A salvação foi conquistada na cruz, o meu Pai não pode dar para quem ele quiser de graça?

Bento cabisbaixo e muito sem graça, pede desculpas por contestar o Senhor por sua decisão e por ter ficado triste por não ter percebido o grande amor de Deus.

Jesus abraça Bento e sussurra em seu ouvido:

– Posso te contar um segredo?

– Lógico que sim. – Respondeu Bento com olhos arregalados!

Foi quando Jesus deu a última notícia de graça para aquele religioso:

– Bento, se eu fosse salvar usando o critério que você estava pensando, você não seria salvo, você só esta entrando no meu reino pela segunda chamada, assim como todos aqueles outros!

Bento se levanta e sai correndo para se juntar aos outros gritando: Louvado seja Jesus Cristo, pois sua graça me salvou!!!

[Não sou universalista, este conto é apenas para pensarmos sobre as ciladas do nosso coração quanto ao céu, inferno e salvação pela graça]

22 Comments

  • O pior é que tem muita gente que de fato levantaria o dedo pra Jesus e começaria a dizer algo com “Escuta aqui, que história é essa de…”
    Mas deixa pra lá, melhor agradecer a Deus pela sua graça, pelo seu amor e tudo o mais… vai que na hora Ele não decide chegar mais perto pra dar uma explicação… rsrs…

  • Marcos, obrigada por fazer da internet um lugar onde ainda podemos ver (e viver, já que podemos interagir comentando) a “Igreja que se propaga através do tempo e do espaço, ancorada na Eternidade, terrível como um exército agindo com seus estandartes” (C.S.Lewis).

  • É impressão minha ou o termo universalista ganhou notoriedade após as críticas ao Rob Bell? Acho que a justificativa quanto ao texto se tornaria desnecesária há um tempo atrás. Mas é sábio deixar claro a posição atualmente para não levantar discussões vãs.

  • Indepedente da possibilidade ou não de surgirem polêmicas em torno deste conto, é bom pensar na salvação pela graça…
    Se regras e imposições sem sentido fossem determinantes pra a salvação de alguém, Jesus não se referiria aos fariseus como:”raça de víboras”.
    O simples fato de não merecermos essa salvação é motivo suficiente para nos alegrarmos e, o fato de aprender e viver a verdadeira liberdade q encontramos em Cristo é magnifico demais pra perder tempo se revoltando com o perdão q é liberado pra quem quer recebe-lo…

  • Muito Boa Marcão!
    Essa foi para os religiosos de plantão,
    Senhores do “bem e do mal”,
    E que infelizmente estão liderando muitas igrejas por aí.
    Com certeza esse conto dá muito pano prá manga.

  • Cade o Presbiteriano do Botelho… UAHuAhA.. #brinks

    Realmente, isso faz agente pensar duas vezes antes de
    julgar… é de graça, mediante a fé… e quem pode ver a fé?.. #ficaDuvida

    Ótima estória Marcos.

    Abraçow

  • Grande conto Marcos!
    A graça de Deus é maravilhosa mesmo!
    E sobre a última frase, acho que se não gerar polêmica, não seria algo de sua criação!
    Parabéns!

  • Boa narrativa. Boa mesmo.
    “Segunda chamada”. Gostei.
    Acho que se eu fosse dono da crônica, daria este título. Segunda chamada.

    Quanto ao conteúdo. Só posso ser levado a uma frase: “Deus, tem piedade de mim”.

  • Não sei se é a coisa mais sábia do mundo fazer uso de uma mentira (haverá salvação sem fé e indiscrimiada) a fim de se trazer uma reflexão. Se você não crê que no final Jesus vá salvar a todos, então não use um conto com este ensinamento. Jesus usou muitos “contos”, mas todos eles traziam ensinamentos verdadeiros e não mentiras que conduzissem ao erro ou engano.
    Em Cristo,
    Filipe Niel

  • Gostei muito da lição apresentada, mas não do enredo em si… sei que vc não é, pelo menos ñ demonstra ser, universalista [além dos colchetes], mas, esse conto é.
    E pra quem ler sem o plano de fundo certo vai ser uma confusão terrível, especialmente os muitos jovens que acessam diariamente teu blog.
    Creio, sinceramente, por amor a eles e medo de tropeços, que esse conto traz mais perda que ganho.
    ICo. 8.9
    DEUS te abençoe, teu blog eh massa!

  • Bom essa história é um tapa no pé da oreia como dizia minha avó… Mais nos faz rever as nossas escolhas e pensar melhor o que estamos colocando na frente de Cristo. Valeu Marcos, quero aproveitar para pedir autorização de coloca-la no meu blog com sua fonte óbvio.
    Abraços…

  • Essa estória foi contada por Jesus de uma maneira um pouco diferente mas com o mesmo ensino: Graça.
    Trata-se da parábola do Homem, pai de família, que saiu a assalariar trabalhadores para a sua vinha e vários trabalhadores foram contratados em diversas horas do dia. No pagamento todos receberam o mesmo valor… Alguns, que trabalharam o dia todo murmuraram e se sentiram injustiçados. O pai de família respondeu:
    -“Amigo, não te faço agravo; não ajustaste tu comigo um dinheiro? Toma o que é teu e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto como a ti. Ou não é lícito fazer o que eu quiser do que é meu? Ou é mau ao teu olho porque eu sou bom?” (Mt 20:13-15)

    “Pela graça sois salvos… e isso não vem de vós, é dom de Deus) (Ef. 2:8-9)

    Abç,
    Paulo Morais

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